sexta-feira, maio 13, 2011

A cada 100 internamentos em UTIs de Curitiba, 2 apresentam infecção hospitalar

Um Monitoramento realizado pelo Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba aponta que, nos hospitais com Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do município, de cada 100 internamentos, 2% apresentaram infecção hospitalar no ano passado.

Ainda de acordo com o Centro Epidemiológico, uma avaliação de infecção de corrente sanguínea dentro de UTIs de hospitais de Curitiba mostra um índice de infecção de 3% a 6% no município, próximo ao de São Paulo que fica entre 4% a 6%.

“Isso é sempre um desafio. No mundo inteiro sempre ocorre infecções nos hospitais. Não existe hospital com taxa zero de infecção. As bactérias estão se tornando cada vez mais resistentes aos antibióticos”, avalia a diretoria do Centro de Epidemiologia da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba, Karin Luhm.

Segundo o médico infectologista Jaime Rocha, os germes multiresistentes vêm crescendo no mundo inteiro, principalmente dentro dos hospitais que são obrigados por lei a ter o controle do problema. “Paralelo a esse crescimento de germes, o uso indiscriminado de antibióticos prejudica toda a comunidade inclusive a dos hospitais porque cria bactérias multirresistentes”, diz o médico.

No Dia Nacional de Combate à Infecção Hospitalar, a ser comemorado neste domingo (15), o infectologista recomenda que, ao procurar um hospital, se informar sobre a política de controle à infecção hospitalar do estabelecimento de saúde.

Ele explica que a infecção hospitalar é uma doença que acontece quando o paciente está internado no hospital ou passou por um procedimento dentro do estabelecimento de saúde. A infecção hospitalar pode até matar. Um exemplo disso são os casos recentes da superbactéria KPC.

Segundo Reis, não existe uma relação direta entre a infecção hospitalar e a responsabilidade dos médicos e dos hospitais, pois a doença é uma classificação para dizer de onde ela veio e não de quem é a culpa. “A culpa dos hospitais só existe se o estabelecimento de saúde ou o médico deixaram de tomar todas as medidas preventivas”, explica Rocha.

Em Curitiba, o Centro Epidemiológico e a Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal de Saúde montaram um grupo de trabalho para a discussão do monitoramento das infecções e a definição de novas ações para o controle do problema.

As reuniões são mensais envolvendo hospitais públicos e privados com UTI, representantes das Sociedades Paranaenses de Infectologia e de Terapia Intensiva, Associação Paranaense de Controle de Infecção (Aparcih) e profissionais de laboratórios públicos e privados.

Antibióticos

Segundo Rocha, tomar antibiótico de maneira indiscriminada ou inadequadamente traz resistência bacteriana não somente para quem tomou, mas também para as pessoas próximas a ela. “Não é causa e consequência direta, mas se tomou o antibiótico indiscriminadamente há chances de risco de aumento de adquirir bactérias multirresistentes”, avalia o infectologista.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), mais da metade das prescrições de antibióticos feitas no mundo é inadequada. Há exames que ajudam a saber qual é a causa da infecção para o paciente ser medicado corretamente. O antibiograma, por exemplo, é um exame que revela o perfil da bactéria. Outro exame é a procalcitonina, que tenta separar as infecções causadas pelas bactérias das infecções não bacterianas.

Desde o final de novembro do ano passado, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), obriga as farmácias e drogarias a exigir a receita médica para a venda de antibióticos com prescrição feita em duas vias e a validade da receita por dez dias.

Desde o final de abril deste ano, as embalagens e bulas incluem a seguinte frase: “Venda sob prescrição médica – só pode ser vendido com retenção de receita”. Abril foi o prazo final para que as farmácias e drogarias concluíssem a adesão ao processo de escrituração das receitas, registrando a venda no Sistema Nacional de Gerenciamento de Produtos Controlados (SNGPC).

Segundo a farmacêutica e chefe da Divisão Sanitária de Produtos da Secretaria Estadual de Saúde, Jussara Ferrato dos Santos, o uso racional de antibióticos faz com que haja um controle maior da resistência bacteriana.

Via Estado do Paraná

Nenhum comentário:

Postar um comentário